Como lidar com a folha de pagamentos do seu negócio durante a crise
A folha de pagamentos é a principal despesa fixa da maioria dos microempresários. Quando o faturamento diminui ou para totalmente por causa do isolamento social, pode faltar dinheiro para pagar salários e cumprir obrigações trabalhistas
Mas o empresário se sente responsável pelo bem-estar dos colaboradores e sabe o quanto eles serão importantes para reerguer o negócio quando o isolamento for revertido. Então como conciliar a falta de receita com a necessidade de pagar empregados que muitas vezes nem estão trabalhando?
A boa notícia é que existem estratégias novas - e algumas antigas - para lidar com essa situação: antecipar férias, reduzir jornadas e salários, suspender contratos trabalhistas, contrair financiamentos e renegociar obrigações existentes.
Confira a seguir se cada uma dessas estratégias funciona para sua empresa. E seja precavido. Esta é a hora de agir rápido: não espere ficar com a corda no pescoço para aplicar essas táticas.
Para quem tem funcionários com carteira assinada
Férias antecipadas e ajustes de jornada e salários
No início de abril, o governo federal estabeleceu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Seu objetivo é limitar os efeitos econômicos causados pelo isolamento social exigido para conter a pandemia do coronavírus.
Esse programa, regulamentado pela Medida Provisória 936, trouxe uma série de alternativas para as pequenas e grandes empresas protegerem as vagas e a renda dos funcionários.
Agora é possível suspender o contrato de trabalho — e o pagamento dos salários — por até dois meses. Neste caso, o governo dá ao trabalhador um auxílio correspondente ao valor do seguro desemprego e a empresa garante que não demitirá o funcionário nos dois meses seguintes.
A mesma MP autoriza a redução da carga horária e dos salários em 25%, 50% ou 70%. A companhia que usar essa opção precisa garantir pelo menos o pagamento do salário mínimo.
Quanto aos encargos trabalhistas, o empregador poderá suspender o pagamento da sua parcela do FGTS por três meses e depois pagar esse valor sem juros e correção.
Para empresas com algum fôlego no caixa, outra opção é antecipar férias mesmo sem o funcionário ter trabalhado por período suficiente para gozar o benefício. Concedendo férias, a empresa pode cortar vale-transporte e alimentação, o que também diminui as despesas.
Linha de crédito emergencial
No pacote econômico também foi criada uma linha de crédito emergencial para pagamento de salários, que é repassada pelos bancos que processam a folha de pagamento. O dinheiro desse empréstimo contraído pela empresa cai direto na conta do funcionário. A condição desse financiamento é bem vantajosa: juros de apenas 3,75% ao ano, seis meses de carência e amortização em até 30 meses.
Para acessar essa linha, sua empresa precisa ter faturado pelo menos R$ 360 mil em 2019.
Para todo microempresário
As alternativas acima são acessíveis para empresas que registram seus funcionários. Para quem dá trabalho sem carteira assinada, existem menos opções, mas também é possível garantir alguma renda a esses parceiros enquanto o movimento não se normaliza.
As estratégias abaixo podem ser utilizadas por todas as empresas.
Renegocie obrigações existentes
Infelizmente, quando o dinheiro fica curto é preciso definir prioridades. Para conseguir pagar colaboradores, tente diminuir ou adiar outros gastos.
Considere pedir prorrogação de prazos a fornecedores e bancos credores. Se alugar um imóvel, converse com o proprietário sobre uma redução temporária do valor, afinal ele dificilmente encontrará outro inquilino neste momento. Se tiver planos de investimento ou expansão, suspenda temporariamente esses desembolsos.
Ofereça pagar apenas uma parcela da renda a seus colaboradores
Menos renda é melhor do que renda nenhuma. Enquanto o faturamento do seu negócio não se normaliza, demonstre seu comprometimento com colaboradores sem carteira assinada pagando uma porcentagem do que costumavam ganhar. Você pode pedir uma contrapartida — por exemplo, fazer entregas, limpeza ou pequenos reparos no local de trabalho que está fechado.
Esse gesto de boa vontade pode tornar o colaborador mais dedicado quando chegar a hora de reerguer seu negócio.
Considere o financiamento de capital de giro
Consulte o gerente do seu banco sobre as condições para contratação de uma linha de capital de giro. Esse capital pode ser usado para diversos fins, inclusive pagar colaboradores. Essa alternativa está disponível até para microempresários individuais, sem limite mínimo de faturamento.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está repassando bilhões aos bancos privados para esse propósito, mas as condições — como taxas e prazos — ficam a cargo de cada instituição financeira. Negocie a menor taxa de juros e o maior tempo possível para pagar. Um histórico de bom pagador ajuda bastante nessa negociação.
Comunique francamente suas intenções
Talvez você seja forçado a demitir algumas pessoas, mas pode tornar este momento menos difícil se informar que pretende recontratá-las assim que possível. Mantenha contato com esses colaboradores.
Prepare seu negócio para o futuro
Cuide da sua saúde mental e cuide do futuro do seu negócio. Garantir a sobrevivência de uma empresa e o ganha-pão dos funcionários durante uma crise tão ampla é um enorme desafio e isso pode abalar sua confiança.
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